sábado, 8 de março de 2008

Dia Internacional da Mulher

Para todas as mulheres :)

"É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro."

Pablo Neruda

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Mais uma redacção perdida na caixa das memórias...

"Reencontrar-te por momentos fez-me lembrar que um dia já fomos eu e tu. Só e mais nada. Éramos miúdos, é certo, mas também sabes que todo esse tempo significou tudo e muito mais. Também sabes que foste a pessoa que mais significou para mim. Porque sempre foste sincero nos sentimentos, nas palavras. Porque simplesmente foste tu. Porque tinhas receio de dar o primeiro passo, tal como eu. E apesar de nenhum de nós ter coragem de admitir, o nosso olhar foi durante muito tempo cúmplice. E durante muito tempo eu briguei contigo, era a única forma que arranjava para chamar a tua atenção, para dizer que gostava de ti. Bolas, e levava a resposta na mesma moeda, também brigavas comigo!!! Ambos sabíamos o que queríamos, mas não soubemos como o fazer. Hoje, agora, sabemos como o faríamos. E também sabemos que o tempo não volta atrás. Não sei se alguma vez desejaste regressar àqueles tempos...eu desejei...confesso...porque lembro-me simplesmente de querer que tudo o que me pudesse acontecer na vida, tudo o que pudesse aprender e viver, faria-o junto contigo. Pensei muitas vezes, como seria se estivesse contigo até hoje. Mas são apenas imagens que faço na minha cabeça que nunca vou saber como seriam se fossem reais, porque nunca existiram. Anos depois quando te reencontro, falamos sobre o tempo que passámos separados. As coisas, e sobretudo as pessoas que mais significam para nós, nunca esquecemos. Apesar da distância e de todos os caminhos que a vida de cada um possa levar, as simples mas verdadeiras e sinceras emoções, ficam sempre na alma daqueles que as sentiram. Foste a primeira pessoa de quem eu verdadeiramente gostei. O que existiu entre nós foi sincero, verdadeiro. Éramos apenas crianças, mas sabíamos aquilo que sempre quisémos. Não havia maldade, interesse. Havia cumplicidade, companheirismo, amizade, carinho. Haviam duas pessoas. Um único e verdadeiro amor.
Guardo comigo uma parte de ti. Porque corri atrás de ti muitas vezes para pedir que me perdoasses...hoje nada disso foi em vão. Faria tudo de novo. Foste o único amor até agora pelo qual valeu muito a pena lutar. Para hoje, depois de tantos anos, puder permanecer como tua amiga. Um beijo."

domingo, 27 de janeiro de 2008

"A culpa foi da mousse!"

Numa das visitas que fiz a Lisboa, aproveitei para visitar um grupo de amigos, habitantes algures num pequeno bairro em Alvalade. Subir até ao último andar sem perder o fôlego não é fácil, mas por aqueles "pequenos" homenzinhos que num dia de verão eu conheci numa praia, eu posso ser capaz de fazer qualquer coisa (acreditem, se os conhecerem, vão concordar comigo, são pequenos mas verdadeiros heróis...). Bem, estávamos nós confraternizando quando, eis que, chega meio atarantado à cozinha um moço deveras engraçado, que carinhosamente vou apelidar de "chocolate" (o que faz sentido porque a culpa desta história toda é dele!!). O meu caro amigo chocolate foi surpreendido por ver tal presença feminina naquela dita cozinha, usualmente local de partilha para um grupo de rapazes (machos). No seguimento dos diálogos, partilhados agora na sala, descubro que o dito chocolate vai aventurar-se a fazer uma mousse, apesar de não saber bem como iria desempenhar tal árdua tarefa. Nestas alturas, o ego por ser mulher sobe bem alto, quando inserida em pleno clã da equipa adversária, vejo-me apontada para ajudar o dito chocolate na sua tarefa. Como a solidariedade reina entre elementos de sexos diferentes (será??), fui de bom grado ensinar o meu "aprendiz" a fazer a dita mousse. São dois pacotes de mousse instântanea. Meio litro de leite para cada uma. Misturar tudo e pôr numa tigela ou em várias taças, como se preferir. Nada mais simples. No entanto, o bom do meu aprendiz de mousse exclama, incrédulo: "mas elas disseram-me que levava ovos!" O pequeno pormenor do "elas" chamou-me a atenção. Então aí percebi que a razão para tal feito culinário era "adoçar" os corações de um grupo de amigas que já tinham premiado os meninos também com um qualquer doce do qual não me lembro o nome. A minha solidariedade feminina "acendeu" mais ainda e pensei que deveria mesmo ajudar o meu chocolate a cumprir a sua tarefa de, em nome do clã masculino, retribuir o gesto das meninas. Posto isto, ainda em relação aos ovos, o rapaz tinha a sua razão, mas esqueceu-se que tinha a seu lado uma rapariga que se fartou de fazer mousses instântaneas a mando da mãe e como tal, não convinha contrariar a sabedoria que as mães passam para as filhas. Carinhosamente, expliquei ao meu chocolate: "isso é para se fizeres mousse caseira, neste caso, é só juntar o leite ao pó da embalagem e já está!" Bem, naquele espaço de tempo em que juntámos o pó com o leite e misturámos tudo com a batedeira, (por sorte, havia uma! com azar, ia de varinha mágica!) fui descobrindo que o coitado do rapaz não fazia a mínima ideia de como se fazia uma mousse, fosse ela instântanea ou caseira..para nós, mulheres, aproveitamos para nos vangloriar. Já ele(s)....não sei, uns ficam fulos porque vêem mulheres saberem mais que eles...no caso do meu aprendiz, penso que ficou contente, não só porque aquele ser estranho que encontrou incialmente na cozinha afinal já não parecia tão estranho quanto isso e inclusive porque ganhou vantagem em relação ao resto do clã, (de natureza puramente masculina) que por azar também não sabia fazer mousses. O facto de aprender com uma rapariga deu-lhe ainda mais vantagem. Penso que depois daquele dia, sempre que naquela casa alguém queria mousse, o coitado do chocolate agarrava-se ao pacote do pó instântaneo e ao meio litro de leite e pronto!! Bem, a culpa, de facto, foi da mousse, porque conheci, num episódio hilariante, uma pessoa muito divertida, bem-disposta e amiga, sempre pronta a aprender. "Foi a mousse que nos ligou!" Tens razão chocolate, e é para ti que hoje deixo aqui o relato da nossa pequena aventura, com a promessa que da próxima vez, ensino-te a fazer mousse mas de verdade, caseira!!! Um beijo grande :)