domingo, 27 de janeiro de 2008

"A culpa foi da mousse!"

Numa das visitas que fiz a Lisboa, aproveitei para visitar um grupo de amigos, habitantes algures num pequeno bairro em Alvalade. Subir até ao último andar sem perder o fôlego não é fácil, mas por aqueles "pequenos" homenzinhos que num dia de verão eu conheci numa praia, eu posso ser capaz de fazer qualquer coisa (acreditem, se os conhecerem, vão concordar comigo, são pequenos mas verdadeiros heróis...). Bem, estávamos nós confraternizando quando, eis que, chega meio atarantado à cozinha um moço deveras engraçado, que carinhosamente vou apelidar de "chocolate" (o que faz sentido porque a culpa desta história toda é dele!!). O meu caro amigo chocolate foi surpreendido por ver tal presença feminina naquela dita cozinha, usualmente local de partilha para um grupo de rapazes (machos). No seguimento dos diálogos, partilhados agora na sala, descubro que o dito chocolate vai aventurar-se a fazer uma mousse, apesar de não saber bem como iria desempenhar tal árdua tarefa. Nestas alturas, o ego por ser mulher sobe bem alto, quando inserida em pleno clã da equipa adversária, vejo-me apontada para ajudar o dito chocolate na sua tarefa. Como a solidariedade reina entre elementos de sexos diferentes (será??), fui de bom grado ensinar o meu "aprendiz" a fazer a dita mousse. São dois pacotes de mousse instântanea. Meio litro de leite para cada uma. Misturar tudo e pôr numa tigela ou em várias taças, como se preferir. Nada mais simples. No entanto, o bom do meu aprendiz de mousse exclama, incrédulo: "mas elas disseram-me que levava ovos!" O pequeno pormenor do "elas" chamou-me a atenção. Então aí percebi que a razão para tal feito culinário era "adoçar" os corações de um grupo de amigas que já tinham premiado os meninos também com um qualquer doce do qual não me lembro o nome. A minha solidariedade feminina "acendeu" mais ainda e pensei que deveria mesmo ajudar o meu chocolate a cumprir a sua tarefa de, em nome do clã masculino, retribuir o gesto das meninas. Posto isto, ainda em relação aos ovos, o rapaz tinha a sua razão, mas esqueceu-se que tinha a seu lado uma rapariga que se fartou de fazer mousses instântaneas a mando da mãe e como tal, não convinha contrariar a sabedoria que as mães passam para as filhas. Carinhosamente, expliquei ao meu chocolate: "isso é para se fizeres mousse caseira, neste caso, é só juntar o leite ao pó da embalagem e já está!" Bem, naquele espaço de tempo em que juntámos o pó com o leite e misturámos tudo com a batedeira, (por sorte, havia uma! com azar, ia de varinha mágica!) fui descobrindo que o coitado do rapaz não fazia a mínima ideia de como se fazia uma mousse, fosse ela instântanea ou caseira..para nós, mulheres, aproveitamos para nos vangloriar. Já ele(s)....não sei, uns ficam fulos porque vêem mulheres saberem mais que eles...no caso do meu aprendiz, penso que ficou contente, não só porque aquele ser estranho que encontrou incialmente na cozinha afinal já não parecia tão estranho quanto isso e inclusive porque ganhou vantagem em relação ao resto do clã, (de natureza puramente masculina) que por azar também não sabia fazer mousses. O facto de aprender com uma rapariga deu-lhe ainda mais vantagem. Penso que depois daquele dia, sempre que naquela casa alguém queria mousse, o coitado do chocolate agarrava-se ao pacote do pó instântaneo e ao meio litro de leite e pronto!! Bem, a culpa, de facto, foi da mousse, porque conheci, num episódio hilariante, uma pessoa muito divertida, bem-disposta e amiga, sempre pronta a aprender. "Foi a mousse que nos ligou!" Tens razão chocolate, e é para ti que hoje deixo aqui o relato da nossa pequena aventura, com a promessa que da próxima vez, ensino-te a fazer mousse mas de verdade, caseira!!! Um beijo grande :)